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Foto do escritorLuiggi Granieri

O que pensar antes de fazer um estúdio!




Todas as etapas de desenvolvimento de um projeto de isolamento e tratamento acústico de um estúdio.

O que precisamos saber antes de começar um projeto.

Demandas, budget, aplicações, local de implantação, mobilidade futura, detalhes importantes anteriores a implantação do projeto e todo o escopo a ser definido antes de começar a obra.


Tipos de Estúdios

Existem vários tipos de estúdios para vários tipos de aplicação e orçamentos. O importante é saber o que vc precisa e focar na funcionalidade do projeto.

Locais de Implantação

Para cada tipo de local existe uma solução mais apropriada, um estúdio de bateria em um apartamento residencial, por exemplo, tem demandas muito mais específicas do que um estúdio de locução em uma casa.




Ter bem definidas quais são as demandas do projeto é o primeiro passo de tudo.


Todo bom projeto começa com a definição das demandas práticas e das necessidades primárias a serem atendidas. Não é incomum recebermos o contato de clientes que não sabem exatamente do que estão precisando. Esses clientes, quando não são bem assessorados por profissionais sérios acabam tendo prejuízos enormes no orçamento e na obtenção de resultados. Na prática o primeiro passo é sempre procurar um profissional com experiência, pois pequenos detalhes podem custar muito caro. Depois de muitos anos trabalhando nesta área e com mais de uma centena de projetos já executados, uma coisa que posso garantir é que "não existe receita de bolo"e a imensa maioria das “informações” que estão disponíveis nas redes ou é completamente inócua do ponto de vista técnico ou é inacessível ao público não especializado.

Em alguns casos as soluções são muito mais simples do que se imaginava e em outros se dá o inverso. Um bom exemplo disso é a grande diferença de abordagem entre um estúdio para bandas que sofre muito com impacto e baixas frequências e um estúdio de locução, ambos terão demandas importantes de isolamento, mas em um range de frequências bem distinto, o que permite,em muitos casos, um isolamento menos pesado, sendo assim esta é a primeira pergunta a se responder:



1. Para que será usado o estúdio?



Apesar de parecer uma pergunta simples ela trás várias questões secundárias, por exemplo:

Será necessário um isolamento importante para evitar que o som não saia da sala ou que sons externos não interfiram no interior da mesma? Em alguns casos como no isolamento de salas de audiometria em um prédio comercial, por exemplo, este pode ser mais pesado do que um estúdio para uma banda em uma casa. Ainda temos que pensar que a resposta pode não ser “sim ou não” e sim ter níveis de demanda. Em estúdios de locução, gravação de instrumentos ou uma sala de audiometria o isolamento deve ser um dos maiores fatores a serem atendidos, por outro lado se for um estúdio para lives, vídeos não profissionais ou algo menos “apurado” tecnicamente falando, já podemos, dependendo da situação, tomar a decisão de minimizar custos, por exemplo com a não construção um piso flutuante que tem um forte impacto no custo global da construção, ou evitar caixilios acústicos que costumam ser bem onerosos.


Prédio, Casa, Conjuntos Comerciais. O que muda?


A região importa?


Tem norma para isso?


2. Onde será implantado?

Essa pergunta é de suma importância pois a forma de se "pensar” o projeto é completamente diferente para as mais variadas opções de locais de implantação.

O exemplo perfeito disso seria imaginar a enorme diferença entre um projeto de um estúdio para uma banda de Rock’n’Roll em um apartamento residencial e uma sala para lives em uma casa. A diferença é brutal e os os projetos jamais deveriam ser tratados da mesma forma.

A maioria dos prédios residenciais tem rígido controle de ruído no período noturno mas apesar de permitir ruídos de obras durante o dia, invariavelmente problemas com ruídos constantes de instrumentos musicais costumam gerar demandas juduciais com vizinhos e grandes problemas com os condomínios, sendo assim esses casos devem ser tratados com muito cuidado em relação ao isolamento de ruídos aéreos e principalmente aos de impacto e vibrações.


Já os prédios comerciais tem um controle grande em relação aos ruídos durante o horário comercial o que acarreta no mesmo caso dos residenciais mas em horários diferentes, além disso obras durante a noite podem ser um problema paea estúdios sem um bom isolamento a vibrações.

Casas não geminadas costumam oferecer menos problemas mas de qualquer forma vibrações pelo solo e vazamento aéreo para os visinhos não são raros.

Finalmente o local e zoneamento onde se encontra o imóvel também é muito importante, imagine o nível de exigência da vizinhança em um condomínio de casas em uma área quase rural onde o ruído no período noturno é baixíssimo. O mesmo não vai acontecer em uma vizinhaça comercial em um bairro movimentado próximo de grandes avenidas durante o dia, porém a intereferencia desses mesmos ruídos vão impactar diretamente no nível de isolamento desejado.


A proximidade com avenidas, trens, metrô ou aeroportos também deve ser analisada.


Existem normas como que classificam regiões em três níveis básicos sendo o mais silencioso (I) locais como sítios e condomínios de campo e o mais ruidoso com LrAeq de até 70dB (III) que são locais próximos a avenidas e locais muito ruidosos, mas mesmo assim isso não é garantia de silencio o tempo todo, até locais rurais muito silenciosos podem sofrer com ruídos de animais, máquinas e até condições climáticas. "Nada deve ser descartado." e “sempre que se abrir mão de algum elemento acústico o cliente deve saber quais serão os possíveis impactos no projeto finalizado." O que é muito comum e até lógico é pensar na seguinte, possibilidade: "uma economia em muitos casos, de dezenas de milhares de Reais vale a possibilidade de uma interferência pontual de um evento climático como um trovão ou a passagem de um helicóptero? Posso conviver com isso?



Quando usar pisos flutuantes ?


A resposta seria "sempre", mas nem sempre é possível estruturalmente ou cabe no orçamento.


3. Quanto tudo isso pode custar?

Essa é a pergunta que um bom profissional saberá responder não com preços mas com a melhor relação custo benefício para cada demanda, lembrando que algumas etapas são primordiais e outras podem ser opcionais desde que se tenha em mente no que isso implica.

1. O tratamento da reverberação bem como seu equilíbrio ou coloração é essencial. "Não existe Estúdio sem tratamento acústico". Existem vários tipos de tratamentos de vários preços, mas em média esses produtos variam entre R$ 250,00/m2 e R$ 700,00/m2. Difusores e outros elementos acústicos são mais caros e variam entre R$ 1.200,00 e R$ 3.500,00/m2, portanto o uso destes é muito nobre e deve ser muito bem projetado.

2. O uso de forros e paredes de Dry Wall, bem como, pisos flutuantes não são somente itens de isolamento mas impactam diretamente na coloração da reverberação da sala e devem sempre fazer parte do projeto, porém,


(3) o piso flutuante por ter um custo elevado, cerca de R$ 1.500,00 /m2 pode ser um elemento a se avaliar.

Algumas situações clássicas onde podemos abrir mão do piso flutuante são as seguintes:

a. Baixa demanda de isolamento, especialmente em baixas frequências.

b. Estúdios localizados dentro de casas onde todas as paredes, forros e pisos adjacentes estão na mesma unidade e são de seu controle.

c. Estúdios de baixo custo onde a possibilidade de interferência ou vazamento não se sobrepõe ao investimento.

d. Locais de baixíssima interferência externa e sem nenhum elemento que cause vibração nas redondezas.

e. Locais sem vizinhos próximos.

Nas demais situações o piso flutuante é de suma importância tanto ao isolamento quanto ao tratamento das reverberações e deve sempre fazer parte do projeto.

Em media um estúdio de pequeno porte bem construído pode custar até R$ 120.000,00. Lembrando que temos que contabilizar muitos elementos nesta conta:

1. Projeto e Consultoria

2. Impermeabilização (S/N)

3. Infraestrutura de elétrica

4. Preparação de pisos (S/N)

5. Reformas em Alvenaria

6. Piso Flutuante

7. Paredes Isolantes

8. Forro Flutuante

9. Porta acústica

10. Visores

11. Cabeamento

12. Bass Traps e Painéis

13. Difusores

14. Iluminação

15. Acabamentos

16. Marcenaria

Fora equipamentos, cabos, acessórios, suportes e etc.

Porém existem soluções com pouco isolamento acústico e tratamento simples que podem custar 20% deste valor.

S/N – Se necessário

Obs. Estudios em casas com contato com o solo devem der rigorosamente impermeabilizados.





Quais são os passos de Cálculo?


Nunca deixar nada de lado!


1. Análise Modal e definição da geometria do estúdio.

Sem entrar a fundo nos cálculos, basicamente após definido o espaço que temos para projetar o estúdio, o primeiro passo é definir a relação entre altura, largura e comprimento da sala. Sem esse passo problemas “quase insolúveis” podem aparecer após a construção do estúdio. Basicamente existem alguns métodos para se determinar essas dimensões que são por tabelas com relações “ideais” como Sepmeyer e Louden, o gráfico de Bolt e Planilhas de cálculos modais, fora naturalmente complexas modelagens matemáticas por elementos finitos e etc. de qualquer forma para salas pequenas o que sempre devem ser atendidos são os critérios de Bonello e estar ciente da frequência de Schroeder que indica, em linhas gerais, até qual frequência a sala está mais sujeita a problemas.

Esses cálculos levam em consideração somente as dimensões da sala e a temperatura e, naturalmente, em salas maiores temos mais facilidade em acomodar esses modos do que em pequenas salas.


2. Definição dos materiais de tratamento acústico.

Esses cálculos levam em considereação todos os materiais expostos ao som e como eles vão refletir, absorver ou difundir o som dentro da sala. Este momento é crucial ao equilíbrio da reverberação da sala e deve ser cuidadosamente calculado.

Em linhas gerais, após definido o RT60 que é o nível central de reverberação desejado da sala em 500Hz passamos a definir a aplicação de materiais para buscar este RT mas também nos Graves (125Hz) e Agudos (4KHz). Esses RTs devem ser maiores nos graves (130% a 180%) e menores nos agudos (40% a 70%) para uma resposta mais agradável aos nossos ouvidos e também para atender critérios acústicos subjetivos como calor e vivacidade mas também os calculados D50 e C80, por exemplo. Um grande erro em cálculos de estúdios é negligenciar essa coloração, já ví salas com RT60 perfeito nos médios mas tão desequilibradas nos graves e agudos que chegam a ser insuportáveis.


3. Posicionamento dos materiais absorvedores, difusores e bass-traps.

O primeiro passo aqui é saber se se trata de uma sala de gravação ou uma sala de audição crítica (Técnica), a diferença fundamental é que uma técnica tem que ser acusticamente simétrica e uma sala de gravação não, sendo assim as técnicas tem um formato mais “comum” onde temos monitores de estúdio a frente, difusores no fundo da sala e também quando possível entre os monitores, bass traps nos cantos e/ou teto e sempre absorção bem distribuída por toda a sala. Já as salas de gravação podem e devem ser mais assimétricas mas sempre lembrando de evitar alguns problemas previsíveis como o Flutter Echo que pode aparecer quando deixamos paredes paralelas ou piso e forro também paralelos sem tratamento adequado.

Essa é a fase que quase não tem cálculos mas depende da experiência e do bom senso.










 


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